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Mostrando postagens de outubro, 2020

MANGUEZAIS DO SUL DO ESPÍRITO SANTO (FINAL)

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  Manguezais do sul do Espírito Santo (final) Arthur Soffiati             Na primeira parte deste artigo, passamos em revista os manguezais do rio Itapemirim e das lagoas d’Anta, do Siri, Lagoinha, Pitas e Mangue. Terminamos agora com as lagoas da Tiririca, Boa Vista e Marobá, assim como o rio Itabapoana.   O manguezal da lagoa da Tiririca Além de secionada pela ES- 060, a lagoa da Tiririca teve o trecho entre a costa e a estrada aterrado em vários pontos para permitir a construção de casas e o acesso a elas por veículos motorizados. A barra se encontra fechada a maior parte do tempo. Sabemos que um manguezal sadio precisa receber o fluxo das marés. Nos fragmentos que restaram da lagoa, aparecem exemplares de mangue branco ( Laguncularia racemosa ), quase todos sob intensas condições de estresse. Há um pequeno trecho contínuo de manguezal junto à barra bastante adulterado por ação humana. A recuperação é possível, mas extremamente difícil e cara. A forma mais barata de recuper

TERRA

  Folha da Manhã, 31 de outubro de 2020 Terra             Há mais terra na Terra do que água. Na escola, aprendemos que os oceanos ocupam ¾ do planeta, assim como o líquido no corpo humano ocupa a mesma proporção. Mas mergulhemos em águas rasas, doces e salgadas, e encontraremos terra no fundo. Mergulhemos nas fossas abissais com equipamentos, tripulados ou não. Encontraremos terra no final.   Nos profundos rios da bacia do Amazonas, esbarraremos em terra.             Um dos quatro elementos dos pensadores físicos da Grécia antiga, conhecidos como pré-socráticos, terra é o elemento sólido, seja pedra, barro, areia etc. Se os outros três são água, ar e fogo. Depreende-se que terra, por exclusão, engloba todo tipo de sólido não-vivo natural. Mais espesso e volumoso que a terra, só o ar em seu sentido amplo. A espessura da camada atmosférica vai de 7 a 14 quilômetros. Em torno de todo o planeta, passando sobre a terra e o mar, sob o qual existe terra.             Mas a água se esp

ESQUELETO-MEDE-PALMO

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Folha da Manhã, Campos dos Goytacazes, 28 de outubro de 2020 Esqueleto-mede-palmo Edgar Vianna de Andrade                Suponho que o leitor conheça a lagarta chamada mede-palmo por se locomover como uma mão que mede o espaço: a parte de trás dela se desloca para a frente quase a alcançando. Ela é um dos estágios da metamorfose de um inseto. Mas isso nada tem a ver com o filme “O horror vem do espaço”, dirigido em 1958 pelo cineasta inglês Arthur Crabtree. O título original é “Fiend without a face”. Ao pé da letra, significa “ Demônio sem rosto”. A tradução de títulos no Brasil, como acontece muitas vezes, foge completamente do sentido original.                 Em “O horror vem do espaço”, o horror não vem do espaço, mas da Terra mesmo. Ele se origina na ciência, um dos medos que marcaram a década de 1950, ao lado de uma nova guerra nuclear. Aqui, a energia nuclear aparece no seu uso cotidiano combinado com poderes mentais de um cientista.                 Pra variar, trata-se de um fi

A SATURAÇÃO DO RIO MACAÉ

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  A saturação de Macaé Arthur Soffiati             Conheci Macaé em 1959. Eu tinha 12 anos. Meu pai queria pescar no rio São João. Ele adorava pescarias. Eu as detestava, como ainda hoje. Hospedamo-nos numa pensão pertencente ao dono de um posto de combustíveis em Barra de São João. O automóvel do meu pai era velho e problemático. A viagem do Rio de Janeiro a Barra de São João durou o dobro do tempo habitual. As estradas eram também precárias. Não existia o traçado atual da BR-101. Atravessava-se a baía de Guanabara em barca para veículos ou contornava-se a baía por Magé. Seguia-se para Araruama e daí para Macaé. A ponte sobre o rio São João ainda era a antiga, hoje em ruínas.             Que eu me lembre, a estrada de Barra de São João a Macaé era de terra. Rio das Ostras limitava-se a uma colônia de pescadores. Fomos a Rio Dourado visitar a tia mais nova de minha mãe, que lá morava. Um dia, fomos a Macaé, uma cidade pequena e pacata, mas concentrada na margem direita do antigo

ÁGUA

Folha da Manhã, Campos dos Goytacazes, 24 de outubro de 2020  Água Arthur Soffiati Depois do ar, a água é o segundo elemento mais essencial aos organismos aeróbicos. Se eles não podem ficar mais que alguns minutos sem respirar, podem, contudo, passar alguns dias sem água. Quanto a nós, humanos, dizem os cientistas que podemos prescindir da água por cerca de 15 dias. Nunca fiz esta experiência. Nosso organismo é formado por três quartos de água, assim como o planeta Terra. Antes que emergissem os organismos aeróbicos, a água já existia. Ela é formada por dois gases existentes na atmosfera: hidrogênio e oxigênio. Um átomo de hidrogênio e dois de oxigênio. A água sempre evaporou, mas não se decompunha no ar nos dois elementos gasosos de modo a oferecer oxigênio livre para mudar a atmosfera. Supõe-se que o oxigênio livre na atmosfera, antes dos organismos aeróbicos, existisse na proporção de 1%, teor por demais reduzido para formar uma camada de ozônio que filtrasse a radiação ultraviole

VESPA RAINHA

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Folha da Manhã, Campos dos Goytacazes, 20 de outubro de 2020 Vespa rainha (A mulher vespa) Edgar Vianna de Andrade Roger Corman (5/4/1926) é um dos mestres dos filmes B, vários deles atravessando a sutil linha do trash. O limite é indefinível. Jack Arnold e Mario Bava também produziram se equilibrando nessa linha tênue que os cinéfilos costumam repudiar. Os três fizeram de tudo no cinema: produção, roteiro, direção etc. Nem sempre foram creditados. Corman era engenheiro de formação. Contudo, foi no cinema que se revelou como faz-tudo. Como diretor, construiu uma carreira independente e lançou atores famosos, como Robert de Niro e Jack Nicholson. Entre os diretores, Corman logo reconheceu o talento de John Landis, Francis Ford Coppola, Martin Scorsese, James Cameron, Tim Burton, Ron Howard, Joe Dante, Peter Bogdanovich e Jonathan Demme. Seu faro era apurado. Começou sua carreira de diretor em 1954, revitalizando atores já em declínio, como Peter Lorre e Boris Karloff, ao mesmo temp

AR

Folha da Manhã, Campos dos Goytacazes, 17 de outubro de 2020  Ar   Arthur Soffiati  Antes de Sócrates, viveram pensadores na Grécia que se dedicaram a compreender e explicar a natureza. Eram os físicos. Para a maioria deles, tudo o que existia no mundo resultava da combinação de quatro elementos: ar, fogo, terra e água. Atualmente, o ar é explicado de forma mais complexa. O ar que respiramos a cada minuto sem perceber é o nosso principal alimento. Podemos viver 45 dias sem comida (dizem) e 15 dias sem água (também dizem), alguns dias sem dormir, mas não podemos passar cinco minutos sem respirar. Que o diga o espírito do afro-americano George Floyd, que morreu pedindo para respirar. O ar, na sua atual composição, é produto de bactérias fotossintetizadoras. Antes delas, a vida aeróbica era impossível. Existiam apenas as bactérias anaeróbicas no fundo da água lamacenta, onde a radiação mortal do sol não chegava. As bactérias aeróbicas esconderam-se no fundo do mar e desenvolveram um sist

MANGUEZAIS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

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  https://www.praiafaroldesaothome.com.br/2020/10/manguezais-do-estado-do-rio-de-janeiro.html Portal do Farol, 17 de outubro de 2020 Manguezais do Estado do Rio de Janeiro Arthur Soffiati             Até que algum capixaba ou paranaense reclame, o Rio de Janeiro é o estado que conta com a maior área de manguezais da região sudeste, como informa a reportagem “A saga dos manguezais”, publicada em “O Globo” de 12 de outubro de 2020. A maior área de manguezal do Espírito Santo encontra-se na baía de Vitória, enquanto que a maior do Paraná cresceu dentro da baía de Paranaguá.             A matéria jornalística colhe informações do “Atlas dos Manguezais”, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), edição de 2018. O Brasil conta com uma área de manguezal equivalente a 1,3 milhão de hectares, ou seja, uma extensão correspondente a um milhão e trezentos mil campos de futebol. O estado do Rio de Janeiro conta com 13,7 mil hectares, sendo que a maior parte se e