Postagens

Mostrando postagens de agosto, 2020

LUIZ COSME

Imagem
  Folha da Manhã, Campos dos Goytacazes, 26 de agosto de 2020 Luiz Cosme Arthur Soffiati             Sons em profusão invadem minha mente, sobretudo quando estou no banho. São sons da minha adolescência e juventude. Sons que se combinam e formam melodias por vezes inteiras, por vezes incompletas. Lembro a melodia, a harmonia, o contraponto e a orquestração, mas nem sempre recordo os nomes dos autores e das composições. No casamento do príncipe Harry com Meghan Markle, foi executada uma música belíssima que eu conhecia muito bem. Acompanhei-a cantarolando. Foi a única coisa que me interessou naquele casamento. Quem era seu autor? Eu não lembrava. Pertencia a que movimento musical? Eu não lembrava. Era música erudita? Claro que sim. Ou será que não? Impossível. Eu havia me esquecido daquela melodia? Ou ela estava na minha mente e carecia apenas de uma nota para recordá-la? Deve ser isso. Tanto que não mais a esqueci. Não conheço nenhum site que me permita entoá-la para que venha a

TODO MUNDO MUITO LOUCO

Imagem
Folha da Manhã, Campos dos Goytacazes, 25 de agosto de 2020 Todo mundo muito louco Edgar Vianna de Andrade             Quem procurar na internet os melhores filmes sobre automóveis encontrará “Taxi driver” (1976), “Rush: no limite da emoção” (2013), “Ford vs Ferrari (2019), “Gran Torino” (2008), “Encurralado” (1971), “Velozes e furiosos” (2001) e alguns outros como a animação “Carros”, da Disney, por exemplo. Nem todos são sobre carros. Neles, apenas os automóveis ocupam um lugar de destaque, como em “Gran Torino”. “Encurralado” é o primeiro filme de Steven Spielberg. Trata-se de uma produção curiosa por enfocar um caminhão com vida própria. Ou ele ou seu motorista, ambos morrendo no final, mas deixando a dúvida sobre quem encurralava. “Christine, o carro assassino”, de John Carpenter, que flerta com o ‘trash”, talvez seja o filme que mais coloca um carro em evidência. Na verdade, trata-se de uma carra que se apaixona por um jovem e comete muitos crimes por ciúme. Ela é habitada

ENTREVISTA PARA A FOLHA DA MANHÃ – 19-08-2020

1 – Como 37% de bom e ótimo na última pesquisa Datafolha realizada nos últimos dias 11 e 12, e divulgada no dia 14, Jair Bolsonaro (sem partido) atingiu a maior aprovação popular do seu governo, com 37% de bom e ótimo. Credita isso ao auxílio-emergencial, ao sumiço do presidente do cercadinho do Alvorada após a prisão de Queiroz, ou a algum outro fator? R. Um só fator não basta para explicar. Considero fundamental sua mudança de atitude. De incendiário, ele passou a vulcão adormecido. Digo isso porque ele pode entrar em erupção novamente. Credito a mudança primeiramente ao desejo de se reeleger. Os conselheiros são importantes. O caso Queiroz deu uma esfriada nele. Suspeito de algo mais profundo que pode comprometê-lo e à sua família. Melhor um comportamento mais moderado para esfriar o ataque adversário. Melhor deixar os apoiadores fanáticos meio órfãos por enquanto. Melhor investir no auxílio emergencial. 2 – O governo mandou a proposta de auxílio emergencial de R$ 200, que o Congr

ENTREVISTA PARA A FOLHA DA MANHÃ – 11/07/2020

ENTREVISTA PARA A FOLHA DA MANHÃ – 11/07/2020 1 – Feita após a prisão de Fabrício Queiroz, a pesquisa Datafolha feita entre 23 e 24 de junho, indica que Jair Bolsonaro ainda mantém 30% de aprovação popular. A que você credita isso? Podemos reconhecer dois grupos que apoiaram Bolsonaro na eleição de 2018: o núcleo duro, apoiador da família Bolsonaro em qualquer circunstância, e os que o apoiaram por descontentamento com os governos anteriores e com os casos de corrupção. Esses 30% são formados pelo núcleo duro e fanático, que considera Bolsonaro um mito e não dá mostras de retirar seu apoio a ele, mesmo que ele se envolva em grande escândalo de corrupção. Há também um pequeno grupo que está se beneficiando de auxílio emergencial. Os outros já se decepcionaram. Creio que não votariam nele, caso se recandidate. 2 – O Datafolha também apontou que Bolsonaro tem 44% de rejeição. É o pior índice de um presidente com um ano e meio de gestão durante a redemocratização do país, superando Ferna

RIO ICONHA NOVAMENTE

Imagem
  Rio Iconha novamente Arthur Soffiati Voltemos 200 ou 100 anos à bacia do rio Iconha. Não é preciso mais que isso. Ele é um rio pequeno, com apenas 24 quilômetros de extensão. Sua nascente situa-se a 800 metros de altitude, o que confere ao rio pequeno uma forte declividade. Isso significa águas sujeitas a corredeiras. Sua bacia também é reduzida, com poucos afluentes e rede de drenagem. Duzentos anos atrás, a bacia era coberta por florestas. Sua foz, no mar, era revestida por pujante manguezal. Havia chuvas torrenciais extraordinárias na bacia? Sim, havia de tempos em tempos. É o que se chamava antigamente de cheias seculares. Pressupunha-se um regime hídrico regular com alterações para mais ou para menos de tempos em tempos. As florestas regulavam o regime hídrico. Elas retinham água quando chovia, reduzindo as cheias, e liberavam água para os rios da bacia no tempo das estiagens. A primeira grande transformação começou com o desmatamento para a obtenção de lenha e madeira.

RIOS E CÓRREGOS DO SUL CAPIXABA

Imagem
  Rios e córregos do sul capixaba Arthur Soffiati A José Maria Miro In memoriam             Em 1939, Gilberto Freyre publicou um livro pouco conhecido com o título de “Nordeste” ( “ Nordeste: aspectos da influência da cana sobre a vida e a paisagem do Nordeste do Brasil ”, 3ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 196 1). Nele, o autor mostra de forma impressionista os impactos da cana sobre o solo, os rios, as plantas, os animais e as pessoas. Uma observação pertinente do autor de “Casa grande e senzala” é a de que as pessoas se voltavam para os rios no século XIX porque eles eram as vias por onde se viajava e por onde chegavam e saíam os produtos comerciais. Com a ferrovia e com a rodovia, as casas deram as costas para os rios, que foram transformados em canais de esgoto e depósitos de lixo. Os rios passaram a ser lentamente envenenados. Agora mesmo recebo a notícia de que mais uma barragem será construída no rio Itabapoana para a geração de energia. Ela será erguida na bela Cacho

UM PNEU APAIXONADO

Imagem
  Folha da Manhã, Campos dos Goytacazes, 18 de agosto de 2020 Um pneu apaixonado Edgar Vianna de Andrade             Num ambiente quase desértico e degradado, um carro de polícia trafega lentamente por uma estrada de terra derrubando cadeiras dispostas a esmo. Demolição do cinema? Pode ser. Da mala,do carro, sai um xerife e se posiciona diante da câmara para fazer uma declaração. Ele pergunta ao público por que o et de Spielberg é marrom; por que, em “Love Story” um casal apaixonado morre de amor; por que em “JFK”, de Oliver Stone, o presidente é morto; por que no excelente “O massacre da serra elétrica” ninguém vai ao banheiro; por que em “O pianista”, de Polansky, o artista sofre tanto. A resposta para todas as perguntas é que não existe razão nenhuma. E anuncia a exibição de um filme dedicado à falta de razão.             Naquela paisagem inóspita, tipica de “Paris, Texas”, de Win Wenders, algumas pessoas se posicionam diante de um lixão, recebem binóculos possantes de um fu

SECA E FOGO NAS PRAIAS DE CAMPOS

Imagem
  Complexus, 21 de agosto de 2020 Seca e fogo nas praias de Campos Arthur Soffiati A economia de mercado vem mudando a atmosfera dos últimos dez mil anos, lançando nela gases que estão elevando as temperaturas médias do planeta. O principal gás é o carbônico, mas não o único. As mudanças climáticas estão afetando a antiga normalidade meteorológica. Nos meses de chuva, pode chover mais do que o normal. Nos meses de estiagem, a secura pode aumentar. A umidade relativa do ar se reduz mais ainda. As chuvas torrenciais fustigam campos e cidades. Ventos fortíssimos podem arrasar centros urbanos, como se observa em Santa Catarina. Furacões e tufões impetuosos se tornam mais frequentes. Quem perde com tais mudanças? As pessoas e a economia. Exatamente as pessoas que adotaram um comportamento destruidor da natureza impelidos por uma economia que deseja transformar tudo em produto para auferir lucros. Tudo é dinheiro. Poluir a baía de Guanabara é econômico por não exigir o tratamento do