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Mostrando postagens de novembro, 2020

OS QUATRO ELEMENTOS

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  O Jornal, Marataízes, 11de novembro de 2020 Os quatro elementos Arthur Soffiati “Às vezes, do múltiplo cresce o uno para um único ser; outras, ao contrário, divide-se o uno na multiplicidade: fogo e água e terra e do ar a infinita altura; e separado deles, o Ódio funesto, igualmente forte em toda parte, e o Amor entre eles, igual em comprimento e largura (...) deles (os elementos) provieram todas as coisas, o que era, o que é, e o que será, árvores e homens, assim como mulheres, animais, pássaros e peixes nutridos pela água, e também deuses, de longa vida, cumulados de honras. Pois sempre são os mesmos (os quatro elementos), mas, circulando uns através dos outros, tornam-se coisas diversas; tão grandes modificações traz a sua mistura.” Empédocles de Agrigento, cerca de 450 a. C. Ar             Antes de Sócrates, viveram pensadores na Grécia que se dedicaram a compreender e explicar a natureza. Eram os físicos. Para a maioria deles, tudo o que existia no mundo resultava da
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  Folha da Manhã, Campos dos Goytacazes, 11 de novembro de 2020 Chiclete viral Edgar Vianna de Andrade             Em 1988, “A bolha” foi refilmada. Trinta anos é um tempo longo na arte cinematográfica. A técnica do stop motion ainda era usada mais por virtuosismo que por necessidade. Os efeitos especiais computadorizados avançaram bastante. A bolha espacial de 1958 passa agora a se chamar “A bolha assassina”. A direção coube a Chuck Russel, experiente cineasta de filmes redundantes. Estamos no último ano da Guerra Fria, embora não se soubesse que, em 1989, o bloco soviético começaria a ruir com a queda do Muro de Berlin. No filme, uma nova guerra com armas nucelares ainda pairava como ameaça à segurança do mundo.             O filme muda de tom. A bolha que vem do espaço sai primeiro da Terra. Ela não é mais passageira de um asteroide, mas fruto de uma experiência militar para a produção de armas biológicas. A bolha é um vírus que cresceu e se tornou visível a olho nu. Não sei

FOGO

  Folha da Manhã, Campos dos Goytacazes, 07 de outubro de 2020 Fogo             Teorias recentes explicam que a Terra foi formada por fragmentos desprendidos do Sol em seu processo de rotação. Outros fragmentos que se giravam em torno do Sol foram capturados pela Terra. Embora o oxigênio fosse escasso nesse extremamente longínquo tempo, o calor do planeta era muito elevado, da superfície ao âmago.             Os físicos repreenderão o uso de calor como sinônimo de quente, pois calor é um ramo da física que estuda temperaturas. Assim, frio e quentura são formas de calor. Reformulemos: na sua origem, a Terra era um planeta quente da superfície ao centro. Aos poucos, ela foi esfriando. A matéria incandescente foi se transformando em terra. O mais correto seria rocha, mas estamos seguindo os pensadores gregos pós-socráticos. As rochas são o elemento terra.             A água é também um elemento físico composto quimicamente por um átomo de hidrogênio e dois de oxigênio. Já existia

UM PEQUENO E DESCONHECIDO RIO DO ESPÍRITO SANTO

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  O Jornal, Marataízes, 06 de novembro de 2020 Um pequeno e desconhecido rio do Espírito Santo Arthur Soffiati             Hoje, não sabemos mais sequer o nome dos rios grandes, quanto mais dos pequenos. Existem buracos negros de conhecimento entre o rio Paraíba do Sul e o rio Jucu, já na grande Vitória. O antigo sertão de São João da Barra, hoje município de São Francisco de Itabapoana, continua sendo desconhecido até para seus governantes e moradores. Manoel Martins do Couto Reis, entre 1783-85, registrou o rio Guaxindiba em seu detalhado mapa, mas não o descreveu no seu relatório ( Manuscritos de Manoel Martins do Couto Reis – 1785 , 2ª edição revista e atualizada. Campos dos Goytacazes/Rio de Janeiro: Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima/Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro, 2011). Maximiliano de Wied-Neuwied, em 1815 ( Viagem ao Brasil . Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Edusp,1989) , e Auguste de Saint-Hilaire, em 1818 ( Viagem pelas Províncias do Rio de Jane

OS PENSADORES E A PANDEMIA

  Folha da Manhã, Campos dos Goytacazes, 04 de novembro de 2020 Os pensadores e a pandemia Arthur Soffiati             Pensador é uma categoria de intelectual interessante. Ele não necessariamente pesquisa, investiga ou consegue uma formação técnica como o médico ou o engenheiro, por exemplo. Ele lê e pensa. Ou pensa e lê. Ou faz as duas coisas. Não que as outras pessoas não leiam e pensem. Mas o pensador é alguém que se confunde com o filósofo. É aquele especialista em assuntos gerais, buscando tratá-los com profundidade, embora nem sempre consiga. Pensador e intelectual acabam se equivalendo.             Eles podem falar de cosmologia sem serem astrônomos. Ou de geologia sem serem geólogos. De biologia sem serem biólogos. De sociedades humanas sem serem sociólogos e historiadores. De economia sem serem economistas. Claro que eles não abordam os objetos dessas ciências com o embasamento daqueles que nelas são formados. Mas eles são necessários por resistirem a um mundo que se

CHICLETE ESPACIAL

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  Folha da Manhã, Campos dos Goytacazes, 04 de novembro de 2020 Chiclete espacial Edgar Vianna de Andrade             “American graffiti” é o segundo filme dirigido por George Lucas. Ele data de 1973. No Brasil, recebeu o título de “Loucuras de verão”. Assisti a esse filme no cinema Goitacá e fui tomado de profunda nostalgia. Lembrei dos anos de 1950, principalmente pelas músicas da trilha musical do filme. As loucuras dos jovens brasileiros naquela década eram bem diferentes, mas incluíam filmes como o de Lucas e “A Última Sessão de Cinema”, dirigido por Peter Bogdanovich e lançado em 1971.             De certa forma, ambos os filmes evocam vários outros produzidos na própria década de 1950, como “A bolha”, por exemplo, dirigido por Irvin S. Yeaworth Jr. Em 1958. Trata-se de um filme típico da época retratando um dos três temores daquele tempo: os perigos da ciência, uma nova guerra nuclear e a invasão de extra-terrestres. Este último não era tão real quanto os outros dois. Ma

ENTREVISTA À FOLHA DA MANHÃ EM 02 DE NOVEMBRO DE 2020

  02/11/2020 1 – Analistas políticos do mundo têm apontado a eleição presidencial dos EUA como a mais importante em algumas décadas para determinar os destinos do mundo. O que você espera se o democrata Joe Biden se eleger, como apontam as pesquisas? E se, contrariando elas, como em 2016, Donald Trump conquistar a reeleição? A eleição é importante porque o mundo se polariza mais entre um progressismo moderado e um retrocesso reacionário, obscurantista, negacionista, anticientífico e propagador de mentiras. Biden não é um candidato carismático como Obama. Sua vitória, contudo, representa a reconquista de uma posição perdida. Não espero que ele faça milagres num contexto tão dividido. Com a reeleição de Trump, antevejo um futuro tenebroso, pois os Estados Unidos, queiramos ou não, é o coração do mundo democrático. A recondução de Trump representará o triunfo do atraso e a sua consolidação.    2 – Por conta da Covid, cerca de 1/4 do eleitorado dos EUA já votou pelos correios. Trump