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AQUELA CURVA ABERTA

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Aquela curva aberta  ( https://www.praiafaroldesaothome.com.br/2020/03/aquela-curva-aberta.html?fbclid=IwAR0V7Bif79U0jwwO00tAAs0yqQHuj6rUSYh8VdbGmERYmcJI8JJPDA6Hr-0) Arthur Soffiati Faz muitos anos que eu a vi pela primeira vez. Não foi no terreno, mas numa imagem de satélite. Parecia o seio de uma mulher sem o mamilo. Eu mesmo brincava com as pessoas ao expor a imagem, alertando que não se tratava de uma mamografia. Depois, muitas vezes a vi em mapas gerais e temáticos. A grande curva estava lá. O ponto mais proeminente é o cabo de São Tomé, a ponta do seio sem bico. Na verdade, o bico foi encoberto pelo mar. Ele sofreu desgaste e ficou meio dissolvido sob o mar. É o que se chama de parcel em linguagem técnica. Ele está supostamente no meio da curva. O litoral ali faz uma inflexão para oeste. A linha de costa orienta-se em direção ao sul e, de repente, volta-se para oeste formando o cabo. Imagem aérea do cabo de São Tomé Vários autores dizem que ele foi atingido pela...

LITERATURA ESTRANGEIRA EM 2019

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Folha da Manhã, Campos dos Goytacazes, 13 de março de 2020 Literatura estrangeira em 2019 Arthur Soffiati             Caminho do centro do mundo ocidental para o mundo ocidentalizado. Em outras palavras, examino o que foi produzido na Europa – coração do ocidente – e o que foi produzido na América não portuguesa, na África e na Ásia e publicado ou republicado em 2019. Não há preconceito neste método. Apenas acompanho o processo de globalização ocidental e seus reflexos na literatura.             Do mais antigo para o mais novo, li Gustave Flaubert, Jorge de Sena e Ian McEwan entre os europeus. De Flaubert, foi lançado “Três contos” (São Paulo: Editora 34), livro de 1877 e traduzido por Milton Hatoum e Samuel Titan Jr., a partir da edição francesa de 1986. Ao se lançar ao empreendimento de escrever os contos, Flaubert acreditava que não tinha mais condições de redigir o ...

DIQUES, COMPORTAS E BARRAGENS

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Folha da Manhã, Campos dos Goytacazes, 15 de março de 2020 Diques, comportas e barragens Arthur Soffiati             Por mim, os rios sempre deveriam correr livres, sem barragens e sem diques. Acredito que a vegetação marginal controlaria a pulsação entre cheia e estiagem. As áreas de expansão nas cheias não seriam ocupadas pelos humanos e não haveria danos a lavouras, criações e construções. Os castores nos precederam na construção de diques. Com seus poderosos dentes, eles cortam árvores e as empilham em leitos de rios, formando represas. Deveríamos considerar os castores como os pioneiros na prática das barragens, mas os ecólogos explicam que as represas construídas por eles enriquecem o ambiente, conservando umidade e aumentando a biodiversidade.   Projeto de Saturnino de Brito para São Paulo. Não executado             Por mais que eu ame os rios livres,...

INVISIBILIDADE EM PRETO E BRANCO

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(CINCO MATEUSINHOS) O homem invisível Invisibilidade em preto e branco Edgar Vianna de Andrade             Em 1897, o escritor inglês H.G. Wells escreveu “O homem invisível”, publicado em capítulos num jornal inglês. No mesmo ano, as partes foram reunidas em livro, considerado hoje o fundador da ficção científica moderna.             Um médico que deixa a medicina para se dedicar a estudos de ótica descobre uma fórmula de se tornar invisível. Ele é prepotente e ambicioso. Para aprimorar sua invenção de modo a poder se tornar visível e invisível com mais controle, ele se retira da cidade e se hospeda numa estalagem barata de um vilarejo vizinho. Embora invisível, seu corpo material continua existindo e sustenta roupas, deixa pegadas e mostra o alimento ingerido até sua digestão. As unhas e os pés não podem ficar sujos para não denunciar a invisibilidade. Na estalagem,...

NOVOS TEMPOS (FINAL)

Folha da Manhã, Campos dos Goytacazes, 01 de março de 2020 Novos tempos (final)             Não importa que membros dos meios científicos ainda se mostrem céticos em relação às mudanças climáticas. Este ceticismo leva à inação e à repetição de protocolos antigos. Existe conservadorismo na academia. Um pesquisador politicamente crítico pode adotar postura conservadora em relação ao conhecimento. A ação de um cientista cético não tem peso capaz de mudar a realidade. A população, em geral, pode acreditar ou não. Seu peso é mínimo. Atitudes capazes de transformação se manifestam em políticas públicas a serem colocadas em prática, pois a maioria vai para os escaninhos dos gabinetes. Mesmo que governos individualmente ou em conjunto coloquem em marcha políticas públicas de combate aos causadores das mudanças climáticas, não será possível, em curto e médio prazos, uma redução significativa dos gases responsáveis pelo efeito estufa. Q...

RIOS DA ECORREGIÃO DE SÃO TOMÉ: GUAXINDIBA

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Engenharia e ciências ambientais: contribuições à gestão ecossistêmica [recurso eletrônico] /        Organização Maria Inês Paes Ferreira… [et al.]. — Campos dos Goytacazes (RJ): Essentia Editora, 2019. Bacias hídricas da Ecorregião de São Tomé: rio Guaxindiba Arthur Soffiati RESUMO. Existem dois rios com o nome de Guaxindiba no Estado do Rio de Janeiro. O mais conhecido desemboca na baía de Guanabara. O outro nasce no município de Campos dos Goytacazes e desemboca no mar depois de atravessar o município de São Francisco de Itabapoana. Todo rio que desemboca no mar forma estuários pela combinação de água doce e salgada. Nos trópicos, é comum que o ecossistema vegetal nativo a se desenvolver em estuário seja o manguezal. Desde o século XIX, existem projetos de canais ligando o rio Paraíba do Sul ao rio Guaxindiba, aproveitando a lagoa do Vigário. Examinam-se, aqui, os projetos de abertura de canais de navegação e de drenagem nos séculos XIX e X...