NA CAUDA DO COMETA
Folha da Manhã, Campos dos Goytacazes, 09 de setembro de 2020
Na cauda do cometa
Edgar Vianna de Andrade
“Christine, o carro assassino” e
“Comboio do terror” têm seus roteiros fundamentados em contos de Stephen King.
O primeiro, dirigido, por John Carpenter, deve ser classificado como um filme
de terror, pois um espírito ciumento e maligno se encarna num automóvel,
levando-o a cometer assassinatos. “Comboio do terror” é o único filme
roteirizado e dirigido por Stephen King. Data de 1986. Trata-se de um filme bem
característico da cultura norte-americana das estradas: autopistas, postos de
combustíveis, motéis, lanchonetes de beira de estrada e caminhões, muitos
caminhões gigantes e bebedores de gasolina. Ah, e armas.
Se
a franquia “Velozes e furiosos” movimenta-se no universo natural, “Christine”
está no plano do sobrenatural e “Comboio do terror” situa-se a meio caminho do
terror e da ficção científica. Ao comentar “Repo-man”, citei vários filmes em
que automóveis ocupam papel relevante e me esqueci de “Comboio do terror”,
filme bem próximo de “Westworld”. Neste,
androides programados para representarem seus papeis sem falha começam a
apresentar comportamentos imprevistos. Defeitos mecânicos? Revolta dos
androides? Certamente uma advertência quanto à confiabilidade da alta
tecnologia. Já “Comboio do terror” oferece uma explicação natural para o
comportamento anômalo das máquinas: a Terra é envolvida pela cauda de um cometa
por mais tempo do que o previsto. As facas elétricas passam a atacar pessoas.
Os videogames e as máquinas de venda de refrigerantes agridem e matam seus
usuários.
Papel destacado cumprem os caminhões e outros veículos
auto-motorizados. Eles ganham vida própria e se comunicam com os humanos por
meio do código Morse em buzinadas. Tudo começa quando uma ponte levadiça não
obedece ao comando de empregados e provoca uma série de acidentes fatais. Claro
que, sendo um típico filme de produção barata que tangencia o “trash”, existe
um mocinho, uma mocina e um bandido. Muita gente morre, muito sangue esguicha.
Os caminhões parecem liderados por um que tem no
para-lamas uma assustadora másara de palhaço. Eles sitiam um posto, circulando
em torno dele. Convocam uma retroescavadeira e uma metralhadora como segunraça
e pedem combustível. Os veiculos estão com fome ou com sede. Eles perseguem
quem desobedece às suas ordens. Mas tudo termina com uma fuga sensacional e com
o fim da rebelião das máquinas quando a cauda do cometa deixa de envolver a
Terra.
Galdiadores, escravos, trabalhadores explorados se
rebelaram contra seus patrões. Não fosse a cauda do cometa, talvez o filme
ganhasse mais força com a rebelição das máquinas.
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