MUDANÇAS CLIMÁTICAS, DOENÇAS E MORTE


Mudanças climáticas, doenças e morte
Arthur Soffiati
         Está pegando fogo no mundo. Não apenas. Está ventando e chovendo muito também. O resultado é sempre destruição e prejuízo. Durante a primavera-verão, a Amazônia pega fogo. A mata é úmida. O fogo por causas naturais não faz parte do ciclo da floresta porque ela é úmida. O fogo descontrolado que a assolou em 2019 se deve ao desmatamento e aos incêndios propositais para “limpeza” de terreno. Já no cerrado, na caatinga, na Califórnia e na Austrália, a vegetação fica ressecada numa parte do ano e o fogo se alastra facilmente. A Austrália não esteve em chamas. Na verdade, o fogo está acabando com ela.
         Em outra época do ano, é a vez dos furacões e dos tufões, que varrem casas, matam animais e pessoas, causam muita destruição. Ou podem ser as chuvas torrenciais e contínuas, que provocam transbordamento de rios, alagam cidades, produzem deslizamentos, arrastam casas e carros, matando pessoas. Os mais pobres sofrem mais, pois eles é que são empurrados para margens de rios e encostas.
         Também os oceanos ficam revoltos. As ressacas violentas derrubam prédios, provocam erosão e invadem terras cultivadas, salinizam-nas, inviabilizam-nas para a economia. O nível do mar está subindo progressivamente e avançando sobre núcleos urbanos. As ilhas baixas percebem esta mudança claramente.
         As mudanças climáticas não é mais uma dúvida e sim uma certeza. As temperaturas médias da Terra estão subindo progressivamente a cada ano. Essa elevação traz um risco surdo para a saúde humana. Esse é o alerta que o relatório “Pesquisa de Saúde e Mudança Climática”, formulado pela Organização Mundial de Saúde, apresentou na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP 25). O governo brasileiro não quis sediar a Conferência por não acreditar em mudanças climáticas. Ela foi, então, transferida para o Chile, que teve de abrir mão do evento devido à convulsão política do país. Ela foi, por fim, levada para a Espanha. O resultado foi um fracasso. A participação do Brasil foi pífia. 
O estudo da OMS baseia-se em dados de 101 países. Segundo ele, as mudanças climáticas provocam estresse térmico lesões ou morte provocadas por eventos climáticos extremos, alimentos, água e doenças transmitidas por vetores, como cólera, dengue ou malária.

A diretora do Departamento de Saúde Pública, Meio Ambiente e Determinantes Sociais da Saúde da OMS, Maria Neira, declarou enfaticamente: “Quando se atacam as causas do aquecimento global, o que também se faz é proteger a saúde das pessoas, porque a cada ano, essas mesmas causas que são responsáveis pela mudança climática, são também responsáveis pela poluição do ar. E essa poluição do ar que estamos respirando está matando mais de 7 milhões de pessoas a cada ano. Isso é inaceitável. Então, a gente quer explicar aqui na COP que o argumento da saúde pode ser uma grande motivação para os países, que estão aqui negociando, saberem que se eles tomarem as ações adequadas eles vão proteger e reduzir muito o número de mortes causadas pela poluição de ar e aquecimento global.”
Para completar, a Organização Mundial de Meteorologia, outra agência da ONU, divulgou na COP 25, que a temperatura média global em 2019 foi de cerca de 1.1ºC acima do período pré-industrial. Encerramos uma década de calor global excepcional, recuo do gelo e níveis recordes do mar impulsionados por gases de efeito estufa de atividades humanas. 2019 deve ser também o segundo ou o terceiro ano mais quente desde que as temperaturas passaram a ser registradas, em 1860. O calor do oceano atingiu níveis recordes. A água do mar está 26% mais ácida do que no início da era industrial e ecossistemas marinhos vitais estão sendo degradados. 

          A visão privilegiada de alguns mostra queda na produção de alimentos, fome, doenças e morte. Governos, empresários e políticos continuam navegando em direção ao precipício sem saber como mudar a direção do leme. Provarão eles que a Terra é plana?

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